Sob o peso das acusações da Papelaria Fernandes, que exige uma indemnização de 24,5 milhões de euros por uma série de negócios realizados na década de 1990, José Morgado, presidente executivo da Inapa, não desiste de levar até ao fim a sua tarefa de reestruturar operacional e financeiramente a quarta maior distribuidora europeia de papel.
Os resultados semestrais apresentados esta semana já reflectem os primeiros sinais da nova estratégia, garantiu José Morgado ao Expresso, apesar de os prejuízos de 6,6 milhões de euros praticamente quadruplicarem as perdas registadas no mesmo período de 2006.
Sede não escapa
Para combater esta situação, a empresa pretende alienar 50 milhões de euros em activos, sobretudo imóveis (armazéns) em Portugal, Espanha e França. Desta estratégia, nem a sede da Inapa, avaliada em quatro milhões de euros e localizada no Largo do Rato em Lisboa, irá escapar. A melhoria dos resultados, contudo, aparece já em termos operacionais, consequência quer do aumento do preço médio de venda da tonelada de papel quer da própria melhoria operacional das empresas que compõem o grupo Inapa. O que piorou foram os encargos financeiros, afectados pelo aumento das taxas de juro, cujo impacto nas contas da Inapa foi no primeiro semestre de quatro milhões de euros, apesar da redução da dívida absoluta.
As vendas da Inapa diminuíram 3% em volume, mas apenas 1% em valor nos primeiros seis meses de 2007, os custos operacionais desceram 5% e a margem EBITDA («cash-flow» operacional) passou de 2,9 para 3,5%. Os resultados líquidos mantiveram-se negativos, embora tendo sido registada uma melhoria, com a passagem de prejuízos de 6,4 milhões de euros no primeiro semestre de 2006 para 5,2 milhões até Junho deste ano. A redução da dívida foi feita à custa do fundo de maneio, que passou de 105 para 97 milhões de euros, resultado da redução de «stocks» e de maior ênfase na cobrança das dívidas à empresa.
Reestruturação lá fora
Ao Expresso, José Morgado explica, contudo, que os maiores impactos da nova gestão só se farão sentir nos próximos meses. A reestruturação das actividades em Espanha e em França, com a adopção de uma nova organização e a substituição dos directores comerciais, a unificação das empresas na Suíça, a reestruturação das operações na Bélgica e no Luxemburgo, o encerramento das operações em Itália, com uma antecipação de cinco meses face ao previsto, são algumas das decisões tomadas. O desenvolvimento de novos negócios, a aquisição do restante capital nas empresas do grupo na Suíça e a constituição de um centro ibérico de serviços partilhados entre a França, a Bélgica e o Luxemburgo são outras decisões que deverão afectar os resultados do grupo até ao fecho de 2007.
Christiana Martins
Sem comentários:
Enviar um comentário