
O BCP exigiu 38 milhões de euros para ceder os direitos de exploração da marca e do património da Papelaria Fernandes, caso os actuais accionistas e outros potenciais investidores pretendam criar uma nova sociedade para viabilizar a empresa.
Como o Económico avançou ontem em primeira mão, na assembleia de credores que teve ontem lugar no Tribunal de Comércio de Lisboa, o BCP, principal credor da Papelaria Fernandes, com cerca de 80% dos créditos da empresa, aprovou um memorando apresentado pelo administrador da insolvência da empresa, Carlos Cintra Torres, no sentido de apresentar um novo plano de recuperação da Papelaria Fernandes.
Carlos Cintra Torres tem dois meses para apresentar esse plano, que substitui o anterior, proposto em final de Abril pela administração da Papelaria Fernandes, liderada por José Ortigão Sanches.
A exigência destes 38 milhões de euros à partida é a principal diferença entre os dois planos. Com esta exigência do BCP, a nova empresa que vier eventualmente a ser criada parte de nascença com um passivo de 38 milhões de euros. No anterior plano de Ortigão Sanches previa-se o pagamento de uma contrapartida financeira (‘fee') à Papelaria Fernandes, assim como a distribuição de dividendos, mas a nova empresa nasceria com um balanço limpo.
Segundo os pressupostos impostos pelo BCP, os 38 milhões de euros terão de ser pagos no prazo de 21 anos, mediante uma renda semestral equivalente a 3% do volume de negócios da nova sociedade que vier a ser constituída.
Este novo plano, mais favorável aos credores que aos accionistas - Fundação Lourenço Estrada (32,82%), António Morgado Henriques, também administrador (24,85%) e Joe Berardo (19,82%) - estipula que a nova sociedade poderá ser "participada por quaisquer terceiros", sem que os actuais accionistas de referência da Papelaria Fernandes tenham qualquer direito de preferência.
Carlos Cintra Torres definirá no plano de recuperação qual o capital mínimo necessário para constituir essa nova sociedade. Depois dos dois meses, o administrador da insolvência terá mais três meses para encontrar potenciais investidores, o que projecta qualquer viabilização da empresa para final de Novembro, na melhor das hipóteses, se o processo não for interrompido pelas férias judiciais.
Este é o terceiro plano previsto para recuperar a empresa em espaço de menos de um ano, mas a decisão ontem tomada na assembleia de credores é peremptória ao afirmar que esta é a última oportunidade para a Papelaria Fernandes se salvar: "em caso de insucesso, prosseguir-se-á um processo de liquidação nos termos gerais".
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