A Portucel está no último lugar da lista das preferências da Goldman Sachs entre as empresas de pasta e papel e a recomendação foi revista em baixa, para “conviction sell”. O preço-alvo passou de 1,15 para 1,14 euros, o que lhe confere um potencial de desvalorização de 21,5% face aos 1,45 euros do valor de fecho de sexta-feira.
A Goldman Sachs justifica o facto de a Portucel ser a sua empresa “menos preferida” neste sector pelo facto de a considerar sobreavaliada face às suas congéneres e dada a sua exposição aos mercados da polpa e do papel fino não revestido – dois sectores nos quais a casa de investimento prevê que haja uma queda de preços em 2009.
“Apesar da nossa previsão de que as empresas de papel e embalagem poderão registar algum alívio em termos de margens, devido à redução de custos e aumento de preços do papel, mantemos a nossa estimativa de ‘neutral’ para o sector, porque consideramos que a diminuição da procura e dos preços no segundo semestre de 2009 e inícios de 2010 irá colmatar os ganhos de curto prazo nas margens”, refere a nota de análise da Goldman Sachs.
“Estamos igualmente convictos de que a valorização do sector no contexto do mercado não é suficientemente atractiva para fazermos um ‘upgrade’ para ‘atractivo’. A nossa ‘top pick’ é a Norske Skog, sendo a Portucel a que menos preferimos”, segundo o documento.
A Portucel foi colocada pela Goldman na lista de “conviction sell”, apesar das estimativas de redução dos custos nas fibras e na energia. “Estamos ‘bearish’ nos preços da polpa em 2009, que representa 68% do EBIT da Portucel”, salienta a nota de “research”. “Incorporámos as perspectivas dos nossos analistas dos EUA relativamente aos novos preços da polpa, que deverão descer 14% em dólares, contra uma redução de 12% prevista anteriormente”, adianta a análise.
Além disso, “as nossas projecções para o preço do papel fino não revestido em 2009 na Europa apontam para uma queda de 7%, ao passo que a procura deverá diminuir 6%”, sublinha a Goldman Sachs. “Consequentemente, as nossas previsões para o EBITDA de 2009 foram reduzidas em 5%. A nossa actual estimativa para o EBITDA de 2009/2010 está entre 13% e 29% abaixo do consenso e o medíocre desempenho dos títulos da Portucel desde o início do ano tornam esta acção cara, na nossa opinião”.
A Goldman prevê que os resultados do ano de 2008, que deverão ser divulgados em Fevereiro de 2009, confirmem as tendências observadas no terceiro trimestre, período em que o “outlook” apontava para a continuação de uma diminuição da procura, especialmente no sector da polpa, devido à redução da capacidade e produção de papel.
“Além disso, como os preços da polpa continuam a enfraquecer devido à menor procura e ao aumento da capacidade mundial, reduzimos em 9% a nossa previsão para o EBITDA de 2008, reflectindo a possível debilidade do quarto trimestre”, adianta a nota de análise.
“Prevemos que a diminuição dos preços da polpa pressione ainda mais o desempenho dos títulos da Portucel”, realça o documento da Goldman.
A casa de investimento refere ainda os principais factos que podem mudar a opinião negativa que tem actualmente sobre a Portucel: encerramentos de capacidade no sector do papel fino não revestido; a procura não ser tão fraca como se espera; a valorização do dólar face ao euro; e um aumento da participação da Semapa (casa-mãe) na Portucel.
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