terça-feira, 29 de abril de 2008

Subida dos preços das matérias-primas e queda do dólar impedem crescimento do lucro da Portucel

Os analistas do BPI, Banif e MillenniumIB antecipam uma estagnação do resultado líquido da Portucel nos primeiros três meses do ano, devido ao encarecimento das matérias-primas e à valorização do dólar.

Mafalda Aguilar

De acordo com as três casas de investimento citadas pela Reuters, entre Janeiro e Março de 2008, a maior produtora de papel em Portugal terá registado um lucro líquido de 39,8 milhões de euros, praticamente estável face ao mesmo período do ano passado.

A estagnação do lucro da empresa ficará a dever-se a um encarecimento das matérias-primas e à desvalorização do dólar, que anulou o efeito da subida dos preços da pasta e do papel ao longo dos últimos meses, afirmam os analistas.

"Os elevados custos da madeira, transportes caros e o dólar fraco contribuem para tornar o futuro da Portucel incerto", indica o analista João Mateus, do Millennium investment banking, numa nota de análise.

O Banif nota que, em 2007, os preços da pasta de papel BHKP subiram 15,4% em dólares e apenas 5,9% em euros devido ao fortalecimento da moeda norte-americana.

"A visibilidade do sector é reduzida, com vários riscos a ameaçar os players de 'pulp&paper'", considera Rita Carles, do Banif, numa nota de análise sobre o sector.

Para Rita Carles, "as variáveis mais imprevisíveis estão relacionadas com a taxa de câmbio euro/dólar e o impacto de um abrandamento económico na procura por parte da China".

Contudo, a Portucel poderá beneficiar da sua estrutura vertical de produção, de uma menor exposição à pasta e maior exposição ao papel UWF ('uncoated wood free'), que deverá ter uma perspectiva mais favorável nos próximos meses, indica a mesma analista.

Por sua vez, os analistas do BPI antecipam que a empresa seja a principal responsável pelo lucro da casa-mãe, a Semapa, podendo gerar receitas anuais de 24 milhões de euros através do investimento em duas centrais de biomassa nas fábricas de Setúbal e Cacia.

No que toca às receitas, no período em análise, estas deverão ter subido 1,9% para um ponto médio nos 284,9 milhões de euros.

Por último, no primeiro trimestre do ano, o EBITDA terá recuado 5,4% para 81,8 milhões de euros.

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